Sugestão de leitura: “A montanha és Tu”

A obra foca-se na natureza da autossabotagem, nas suas causas subjacentes e nas estratégias para a superar, promovendo o autoaperfeiçoamento e o bem-estar.
Deixo-te aqui um resumo dos meus apontamentos que fui registando ao ler o livro, mas obviamente aconselho a leitura na integra. Estes são os pontos que achei mais importantes, mas são baseados na minha interpretação do livro.
A Natureza da Autossabotagem: O Inimigo Interno
A metáfora central da obra é que “A montanha és Tu”. A autossabotagem não é primariamente um obstáculo externo, mas sim um problema interno. “Muitas vezes, a montanha não é tanto um desafio à nossa frente, mas mais um problema dentro de nós”. Esta ideia é reforçada pela afirmação de que “Não há nada a impedir-nos mais de avançar na vida do que nós mesmos”.
Conflito Interno e Necessidades Não Atendidas: A autossabotagem é definida como a manifestação de desejos em conflito: “A autossabotagem é quando temos dois desejos em conflito. Um é consciente, o outro inconsciente”. Este comportamento surge frequentemente quando “recusamos conscientemente satisfazer as nossas necessidades mais íntimas, muitas vezes por não acreditarmos que somos capazes de lidar com elas”.
Raízes no Medo e nas Crenças Limitadoras: Os maiores comportamentos de sabotagem são “resultado de medos há muito cultivados e não examinados que temos em relação ao mundo e a nós próprios”. A obra destaca que “o medo abstrato é uma representação de um medo legítimo”. A ansiedade associada à autossabotagem é um reflexo direto das nossas “crenças limitadoras”. O cérebro, através do “viés de confirmação”, tende a validar essas crenças preexistentes. A resistência natural ao desconhecido é identificada como a “forma suprema de perda de controlo”, levando-nos a procurar o familiar, mesmo que seja a infelicidade: “Mesmo que pensemos que andamos em busca de felicidade, andamos, na verdade a tentar encontrar aquilo a que estamos mais habituados”.
Manifestações Comuns da Autossabotagem:
- Perfeccionismo: “O perfeccionismo impede-nos de estar presentes e de tentar ou até mesmo de fazer o trabalho importante para a nossa vida”.
- Procrastinação e Indiferença: Embora diferentes da resistência, são comportamentos que se confundem.
- Medo do Sucesso: “Se o medo é estarmos a ‘atingir o auge’ demasiado cedo, temos de reformular a nossa ideia de progresso. Esse instinto é um comportamento de auto sabotagem a querer manter-nos dentro da nossa velha zona de conforto”.
- Preocupação com Piores Cenários: “Outra forma muito comum de as pessoas se sabotarem sem se aperceberem é preocupando-se com medos dos piores cenários”.
- Negação e Culpa: “Quando estamos em negação, temos tendência a entrar em modo culpa”.
- Viver em Piloto Automático: “Às vezes, passamos tanto tempo em piloto automático que começamos a pensar que já não temos escolha”.
- Falta de Processamento Emocional: “A incapacidade de processar as nossas emoções significa que ficamos encalhados nelas”.
O Papel das Emoções, Pensamentos e Instintos
A obra distingue claramente entre emoções, pensamentos e instintos, sublinhando a importância de uma inteligência emocional saudável para a superação da autossabotagem.
Inteligência Emocional: “A autossabotagem é, em última análise, apenas um produto de baixa inteligência emocional”. A inteligência emocional é “a capacidade de compreender, interpretar e responder às emoções de uma forma esclarecida e saudável”. Sem essa capacidade, “inevitavelmente perdemo-nos”.
As Emoções:
- Temporárias, mas com Impacto nos Comportamentos: “As emoções são temporárias, mas os comportamentos são permanentes”.
- Essenciais, não Opcionais: “É um erro assumir que as emoções são experiências opcionais. Não são”. Se não forem sentidas, “as emoções são incorporadas”.
- Função de Conforto: “Os nossos sentimentos estão essencialmente programados como sistemas de conforto”.
- Indicadores, Não Guias: “Os nossos sentimentos não têm o propósito de nos guiar ao longo da vida; é para isso que serve a nossa mente”.
- Exemplos de Emoções e Suas Mensagens:Raiva: “mostra-nos onde estão os nossos limites e ajuda a identificar aquilo que achamos injusto”.
- Choro: “em alturas apropriadas é um dos maiores sinais de força mental”.
- Culpa: “tem tendência a afetar-nos mais pelo que não fazemos do que pelo que fazemos”.
- Inveja: “é uma emoção enganadora. Apresenta-se como raiva ou julgamento, quando na realidade é tristeza e auto-insatisfação”.
- Ressentimento: Surge quando as pessoas “não estiveram à altura das expectativas que tínhamos delas na nossa mente”.
Pensamentos vs. Instintos: A obra faz uma distinção crucial entre pensamentos intuitivos e intrusivos, e a natureza do instinto:
CaracterísticaPensamentos IntuitivosPensamentos IntrusivosInstintosNaturezaCalmos, racionais, sossegadosFrenéticos, provocam medo, irracionais, ruidososReagem ao presente, automáticos, visam melhorarOrigemSurgem do nadaDesencadeados por estímulos externos, aleatórios-EfeitoAjudam no presente, abrem a mente, resolvem problemasCausam pânico, iniciam espirais de medos, criam problemasRetiram-nos do caminho do perigo sem pensar, não são sentimentosRelação com SentimentosOs pensamentos mudam sentimentos, mas não instintos-Não são sentimentos, são mais sábiosA Ansiedade e a Preocupação: A ansiedade é frequentemente o resultado de “competências de pensamento crítico ineficientes” e da “incapacidade de processar circunstâncias de stress agudo e persistente”. É uma manifestação de “viver no futuro”. A preocupação é um “mecanismo de defesa subconsciente”, muitas vezes canalizando energia para o incontrolável: “O medo está a descarrilar a nossa vida neste momento, porque estamos a canalizar a nossa energia para algo que está fora do nosso controlo”.
Caminhos para a Superação e o Autoaperfeiçoamento
Superar a autossabotagem não é apenas compreender, mas agir: “Superar a autossabotagem não é apenas uma questão de compreender porque é que estamos a cortar as nossas asas; é sermos capazes de agir na direção que queremos e de que precisamos, mesmo que inicialmente seja desconfortável ou desencadeie sintomas”.
Ação e Resultados: “A nossa vida é, em última análise, medida pelos nossos resultados, não pelas nossas intenções”. A concretização é fundamental: “Quando temos um objetivo, sonho ou plano, não há nenhuma medida de intenção. Só conta se o concretizamos ou não”. É imperativo “parar de aceitar as nossas próprias desculpas”.
Aceitação da Mudança e Desconforto: “Qualquer mudança, por muito positiva que seja, é desconfortável até se tornar familiar”. A resistência à mudança impede o progresso: “Não ficamos parados na vida porque somos incapazes de fazer mudança. Ficamos parados porque não nos apetece fazer mudanças, e por isso, não as fazemos”.
Ambiente e Relações: É difícil ser a pessoa que se quer ser “quando estamos rodeados por um ambiente que nos faz sentir uma pessoa que não somos”. A importância de um círculo de apoio é enfatizada: “Concentremo-nos em formar um círculo de pessoas que nos apoiem e inspirem, que tenham objetivos semelhantes e que gostem de passar tempo connosco”.
Aceitação da Imperfeição e do Fracasso: “Não nos preocupemos com fazer tudo bem, façamos apenas”. O fracasso, quando advém de novas tentativas, é um passo em frente: “Quando fracassamos por negligência, recuamos um passo; Quando fracassamos porque estamos a tentar novos voos, damos um passo em frente na direção daquilo que funcionará”. O crescimento surge das “falhas e lacunas”.
Libertação do Medo do Julgamento: O medo do julgamento alheio é uma forma de autojulgamento: “O motivo porque estamos a conter-nos é o medo do julgamento, mas isso não existiria se não estivéssemos desde logo a julgar-nos a nós mesmos”. A realidade é que “Ninguém olha para nós como pensamos. Ninguém pensa em nós como desejaríamos que pensassem. Olham para si mesmos e pensam em si mesmos”. A superação exige “estar disposto a ser desprezado”.
Viver no Presente: A felicidade reside no presente: “O único sítio onde podemos encontrar felicidade é no presente, porque é o único sítio em que verdadeiramente existe”. Muitos problemas são “distrações do verdadeiro problema, que é não estarmos confortáveis no momento presente, tal como somos, aqui e agora”.
Visão e Propósito: A resistência “desvanece-se porque somos impulsionados por uma visão que é maior do que o nosso medo”. Grandes feitos e objetivos elevam-nos, obrigando-nos a “tornarmo-nos progressivamente melhores versões de nós mesmos”.
Responsabilidade Pessoal: A transformação para o autoaperfeiçoamento é o “rumo natural de se chegar à conclusão de que éramos responsáveis por reter a nossa vida e que, por isso, também somos capazes de andar com ela para a frente”. Somos “sempre responsáveis por como escolhemos agir”.
Foco no Controle e na Preparação: “O medo não nos vai proteger, a ação sim. A preocupação não nos vai proteger, prepararmo-nos sim. Pensar demasiado não nos vai proteger, a compreensão sim”.
Paz Interior e Felicidade Autêntica: “A paz interior é a verdadeira felicidade”. A felicidade não é algo a ser perseguido, mas encontrada “onde estamos e como estamos”. “Quanto menos resistirmos à infelicidade, mais felizes seremos”.
Conclusão: A “montanha interior” representa a totalidade do nosso ser, incluindo as partes conscientes e inconscientes que nos impedem de avançar. A superação da autossabotagem é um processo de autoconhecimento profundo, de confrontar medos e crenças limitadoras, de aprender a processar emoções de forma saudável e de transformar a intenção em ação. É um caminho que exige responsabilidade pessoal, aceitação do desconforto da mudança e um foco resoluto no presente, culminando na construção de uma vida autêntica e na paz interior. “Um dia, a montanha que estava à nossa frente estará tão atrás de nós que mal será visível no horizonte. Quem nos tornamos ao aprendermos a escalá-la?”

Ouve aqui um resumo em formato podcast gerado por inteligência artificial: